Por Carlos Faccina
Concedi uma entrevista recente sobre a questão de contratação de grávidas. O tema veio à pauta porque a americana Marissa Mayer informou que estava grávida quando a Yahoo! a escolheu para o cargo de diretora-executiva. Os recrutadores mantiveram a decisão sabiamente, mesmo sabendo que ela vai se ausentar a partir de outubro para ter seu primeiro filho.

Marissa disse que recebeu a proposta do Yahoo no dia 18 de junho e que ficou em dúvida sobre aceitar ou não o cargo por causa da gravidez. Ela foi tranquilizada pelo fato de o conselho do Yahoo não ter visto a notícia como um problema, o que, segundo ela, é um sinal de maturidade. Após alguns encontros com os executivos da empresa, ela foi informada na última quinta-feira que havia sido escolhida para o cargo (leia Nova CEO do Yahoo está grávida).

O talento descrito em seu currículo falou mais alto. Sua formação na Universidade de Stanford e passagens pelo Google a colocaram como uma das 50 mulheres mais poderosas do mundo, segundo a revista Fortune.

Lembrei-me de uma situação quando era diretor de Recursos Humanos da Nestlé. Contratei uma secretária grávida e nunca me arrependi, já que ela ficou 12 anos comigo.

Se a pessoa tem a melhor qualificação e estiver grávida, é importante ter paciência e esperar a licença-maternidade. Partir para outra opção não tão adequada às exigências do cargo pode representar um grande risco. Aguardar o retorno da profissional costuma ser mais barato para a empresa, porque é caro substituir um candidato mal selecionado.

Esta circunstância também fortalece laços da empresa com o funcionário, ampliando a lealdade com a organização, fator que está ficando em segundo plano nas trajetórias de carreiras nas empresas.

No post Mulheres líderes na empresa, homens, em casa, comecei a refletir sobre as mudanças de perspectivas que envolvem os gêneros nas empresas, destacando que as aptidões das mulheres estão em alta para exercer cargos de comando nas empresas. No Este será o século das mulheres?, destaquei que é evidente a valorização das características femininas para tirar resultados em um ambiente competitivo e muitas vezes hostil.

As características inatas das mulheres são muito procuradas em algumas áreas e cargos de liderança. Depois de ser presença marcante em setores de comunicação, recursos humanos e atendimento, as mulheres estão assumindo gradativamente posições de importância em finanças, marketing e vendas. Elas têm participação ativa nas ONGs e em projetos que envolvem questões de sustentabilidade e meio ambiente. São mais empreendedoras também.

Nesse quadro, é natural trazer à tona o debate sobre o que a gravidez representa no modelo de atuação da mulher que tem o direito de exercer cargos de mais responsabilidades dentro da empresa e quer ser mãe. Parece que equilibrar esses dois papéis tão importantes é um tema que chegou na pauta das organizações, e uma mudança de perspectiva vai fazer bem para as empresas e para as mulheres.

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